- Ana Reis
INVISIBILIDADE POR TRÁS DO CORPO GORDO

Muitas vezes, você não será notada
E, tantas outras, será rejeitada, excluída, ignorada
A invisibilidade começa com o olhar do outro
E se estende sobre seus dons, talentos e esforços...
Não foi só por um momento, mas, às vezes, se estendeu por uma vida todinha até aqui!
Tudo parece encoberto por essa grande neblina
De estereótipos e modelos sociais, de ser e viver
É o modus operandi, que muitas vezes enaltece tantas coisas
Inclusive a maldade de um pensamento envolto por julgamentos coletivos
E te deixa assim... à margem, marginal!
Sua inteligência também será questionada, não uma, mas várias vezes
O julgamento sobre seu corpo muitas vezes impedirá que tantos enxerguem
Sua beleza, competência, criatividade, humor...
E esse olhar desbravador sobre as coisas e pessoas
Essa neblina só aumenta, esconde com eloquência essa grande potência!
Encobre o seu melhor, sua essência!
Que com certeza já beirou a demência, pela dor e busca de ser
E se encontrar rechaçada, anestesiada, dilacerada por não caber
Nas roupas, no transporte, o lazer, as atividades físicas...
Dói pensar que o externo não te cabe!
Você se volta pra dentro cada vez mais, pois, estar lá fora é um grande desafio
No avião, nos parques, nas academias, no ônibus, virou uma grande maratona!
Passar pela roleta, é a grande roleta russa em que apostas são feitas a todo momento
Como um grande jogo, cheio de expectativas
A maldade rola solta no olhar de cada observador atento
O tempo congela por alguns instantes só para te ver passar
Ver você se limitar naquele pequeno espaço...
Sarcásticos! Indiscretos, perplexos!
Infelizes, compenetrados, lançando um olhar que atravessa seu corpo
Deixando mais uma cicatriz...
Nas lojas profissionais nada sutis, preparados para as vendas
E em nada sobre acolhimento, somente questionamento
E, de cara, já perguntam: Quem será a presenteada?
Hoje o presente era seu, só seu!
Mas, nas entrelinhas fica claro que as roupas te comportam!
Por isso é preciso dizer, debater até entender, que a gordofobia adoece mentes e corpos
Dentro de um modelo, um padrão, o que resta é dar-nos as mãos
Entender que dentro de um corpo independente das formas, tamanhos, modelos
Existe uma grande potência, inteligência, resiliência desperta, encoberta
Pronta para pulsar!
Senti-me na obrigação de escrever sobre esse tema, porque ele me escolheu em uma manhã de Dezembro. E berrava na minha mente, tem que ser agora! Não sei explicar o motivo, mas, aprender a ver no próprio corpo, suas formas, suas marcas com generosidade, faz parte de um grande processo! Que sangra, cicatriza e dá forças para um grande despertar. Por isso, espero que esse texto te toque de alguma forma. Seja você que nunca pensou sobre esse tema, ou você que é gordofóbico e nunca imaginou sobre essa imensa dor que você provoca nas pessoas, ou você que é gordo e busca seu lugar e identidade no mundo! Meu abraço forte, de ursa, afinal, minhas dores eu curei de muitas formas e espero que você também busque formas e mudanças para ver leveza onde todos trazem o caos! E se encontre no amor próprio que sequer um dia teve, imaginou ou se limitou a essa busca. Que suas potencialidades transbordem, assim como tudo de bom que existe dentro de você!
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